quarta-feira, setembro 30, 2009

3 minutos de solidão

Minha vida tumultuada pela casa, trabalho, marido e filhos, às vezes pede um pouco de espaço para a única pessoa que não o tem: EU.

Então, quando este grito interior chega, seja em forma de dor de cabeça, seja em forma de dor de estômago, me dou 3 minutos de solidão.

Enveredo para dentro de mim mesma e fico lá, por eternos e silenciosos 3 minutos. É o meu momento, onde eu reflito e me reflito. Onde eu procuro e descubro. Choro, rio, sinto, lamento, exalo, inalo, tudo ao mesmo, parada, dentro de mim mesma.

É um exercício.

Mas não é fácil.

Assim como toda mulher, tenho que abraçar e carregar o mundo. Tenho que provar a todo o momento que sou capaz, que sou eficiente, que sou profissional competente, que sou mãe amorosa, que sou esposa dedicada, que consigo fazer tudo ao mesmo tempo, corretamente e com um lindo e simpático sorriso no rosto.

Isto me toma quase todo o tempo em que estou acordada.

Não, não é um manifesto feminista. É a mais pura realidade, há de se admitir. Como conseguir míseros 3 minutos diante da insistência de colo do filho, ou da necessidade de atenção do marido, ou da exigência de concentração do trabalho?

Vejo muitas mulheres com o mesmo tipo de reclamação: não tenho tempo para mim e ao mesmo tempo vejo muitos homens comentando: tempo para você? Mas e o cabeleireiro, a massagista, a academia?

Mas querido, tempo para mim, quer dizer tempo exclusivo, para pensar (ou não pensar), para não ser mãe, não ser esposa, não ser profissional, não ser cobrada, não ser exigida, exaurida.
É deste tempo, sem as necessidades, problemas e intenções dos outros, que falamos e precisamos. E é justamente por precisarmos de um tempo exclusivo que os 3 minutos são essenciais na vida de uma mulher.

Eu não viveria sem os meus 3 minutos. Sério! Já teria desistido. Esta solidão é essencial na minha vida.

E você, mulher, que sente o peso do mundo nas suas costas, experimente também, tire 3 minutos, só seus, seja trancada no banheiro, seja na sua mesa de trabalho, seja na frente do fogão. Este tempo é precioso e milagroso. Tem o poder de curar, mudar nosso interior e melhorar nosso exterior.

E, queridos, homens, maridos, amigos, sejam legais, respeitem o tempo das suas mulheres. Todas precisam de 3 minutos de solidão.

terça-feira, setembro 22, 2009

Comecei muito bem o meu dia

Acordei cedo, sem vontade de ficar na cama. Lavei o cabelo na água fria. O secador quebrou, mas tudo bem. É bom ficar natural de vez em quando.
Foi difícil tirar as crianças da cama. Respirando fundo e com uma boa dose de paciência, consegui.
Fiz o café, contei errado as colheres de açúcar. Enfim, doce de vez em quando é bom.
Comprei pão, a moça me olhou estranho e perguntou: já de pé? Vou lá todo dia no mesmo horário, não entendi. Mas deixei passar.
Faltou manteiga. O trânsito estava tão tranqüilo, que nem me importei em voltar e comprar.
Cheguei em casa. As crianças haviam voltado pra cama. Gritei, mas não de irritação. O fato é que queria tomar café e não estava a fim de subir novamente aos quartos.
Meu marido não saiu da cama, será que está doente? Fui conferir, continuava a dormir. Chamei, ele disse que ia dormir mais um pouco.
Voltei para o café, leite, pão, manteiga, iogurte. Realmente estava com fome.
Gritei novamente para as crianças e finalmente ouvi algum barulho lá em cima.
Escovei os dentes e retoquei o batom no lavabo mesmo. Preparei os leites com achocolatado e pães.
Arrumei as lancheiras dos pequenos. Separei o dinheiro para o lanche dos mais velhos. Gritei novamente, agora com uma pontinha pequeníssima de irritação.
Calcei os sapatos, ordenei as mochilas, conferi a bolsa: celular, carteira, dinheiro, cartão.
De repente vi meu filho mais velho descendo, todo despenteado, com cara de mau humorado.
Não acreditei. Estava prestes a explodir, quando ele disse: pô mãe, hoje é domingo. Deixa a gente dormir mais um pouco.
Subi.
Tirei os sapatos, limpei a maquiagem, soltei o cabelo, troquei a roupa, deitei na cama.
Adormeci.

Realmente, comecei muito bem o meu dia.

terça-feira, setembro 15, 2009

Tenho inveja da mulher melancia.

Ou porque a mulher melancia é tudo aquilo que eu não quero ser.

De acordo com a maioria dos homens, e da própria mulher-fruta, o fato de eu ser mulher, profissional, até certo ponto bem sucedida, mãe e não ter um corpo “gostoso” faz com que eu tenha inveja da mulher melancia.
Afinal, ela é um mulherão, tem uma bunda grande, a preferência nacional, usa roupas provocantes, adora tirar fotos de perfil, mostrando seu principal atributo e, aparentemente, não se importa em ser objeto de desejo sexual dos homens.
Ok, ela é tudo isto. Mas não homens, eu não tenho inveja dela e a maioria das mulheres, isto inclui namoradas, esposas, ficantes, colegas de trabalho, também não. Pelo contrário, como alguém poderia ter inveja de alguém que só pode tirar fotos de lado ou de costas, pois, sua bunda tem vida própria e é o foco principal dos fotógrafos.
Não é despeito, nem recalque, como já foi sugerido por muitos, é que a mulher-fruta em questão representa tudo pelo qual nós, mulheres normais, comuns e não-gostosas, lutamos contra.
Nós brigamos para sermos respeitadas, imploramos para que nossos companheiros dividam conosco as tarefas domésticas, nos desdobramos para dar conta de tudo: casa, trabalho, trânsito, filhos, reuniões e, principalmente, suplicamos para que a nossa inteligência não seja menosprezada. Resumindo, nós somos a nora que nossas sogras pediram a Deus.
Qual mulher, em sã consciência, gostaria de ser um objeto estampado nas páginas lisas e brilhantes de uma revista escondida em um armário do banheiro? Claro que, às vezes, pode dar uma pontinha de ciúmes, mas nós conhecemos o nosso poder de sedução, nossa capacidade de persuasão e sabemos que somos o ideal para casar, namorar, ficar, fazer companhia, cultivar amizade.
E quanto aquela velha história de que mulher se arruma para outra mulher, isto também é lenda, meus queridos. A opinião das amigas conta, é claro, mas é aos homens que queremos agradar, é para eles que ficamos bonitas, que escovamos o cabelos, que nos maquiamos. Porque os homens querem sim, ao seu lado, uma mulher maquiada, de cabelos arrumados, com roupas bonitas, sapatos impecáveis. Ninguém me convence do contrário, que a falta de vaidade feminina é preferência masculina.
E tem outra, como diz uma amiga: se eu não me arrumar, me cuidar e deixar ele preocupado com quem possa estar me olhando, ele vai ficar tranqüilo o suficiente para olhar para outra.
É por isto que a mulher-fruta é tudo aquilo que eu não quero ser. Porque além do meu cabelo hidratado e escovado, minha cabeça carrega um cérebro pensante, capaz de resolver 10 coisas ao mesmo tempo, incluindo a disputa dos filhos pelo controle do vídeo-game, o cardápio da semana, o problema com o encanamento, a crise de idade do marido, e aquele problema até então insolúvel com o cliente.
Não que a cabeça da mulher fruta não carregue um cérebro pensante também, mas que a bunda pensa mais, isto pensa.

sexta-feira, setembro 11, 2009

a vida sempre sorri,
às vezes sutilmente,
outras escancaradamente,
às vezes é pra gente,
outras é da gente.
o importante é sorrir com ela