quinta-feira, outubro 22, 2009

Um, dois, três... Tem que malhar?

Gente, academia é um lugar de doido e doidas, principalmente.

Certa vez, resolvi me matricular numa academia, perto de casa. Depois de dar uma bela olhada no espelho, decidi que três meses de regime e intenso treinamento em casa seriam suficientes para começar a freqüentá-la.

Os três meses não passaram tão rápido quanto eu imaginava que fossem passar, mas passaram. Então chegou o dia, e eu toda feliz, na minha roupa de ginástica (de marca) e camiseta por cima (é claro) fui fazer minha matrícula. Só que quando cheguei lá tinha uma menina, daquelas que moram em academia, entrando. Resultado: mais três meses de treinamento e regime.

Outro dia fui fazer uma aula de jumping. Achei o nome bonitinho e fui lá, ver qual era a dele. Jumping é um monte de trampolins individuais, com uma louca na frente que fica pulando e berrando uhu. A gente tem subir no troço e acompanhar os movimentos da louca, digo, instrutora. Mas ninguém me avisou que pra fazer isto é preciso ter coordenação motora, coisa da qual nasci desprovida. Toda vez que eu tentava subir no trampolim, ele me jogava longe.
E na hora de coordenar os movimentos de pernas e braços? Parece que meus membros ganharam vida própria, enquanto um ia para um lado, ou outro teimava em ir para o lado oposto. Sofri durante 30 minutos, até que uma moça ao meu lado disse educadamente: não é melhor você parar, você não está conseguindo acompanhar.

Instrutor de academia é um ser estranho: uma mistura de sádico com animadora de torcia. Ele fica ao lado do aluno, gritando: Vamos lá, mais um pouco, levanta, força. E o cara ali, quase morrendo, pedindo pelo amor de Deus pra parar.

Mas o que realmente me assusta nas academias são os espelhos. Já repararam no tanto de espelhos que têm nas academias? São quase 360º de reflexo. A gente vê a bunda, a barriga, a lateral tudo refletido no reflexo do reflexo.

E aquele povo que ama espelho? Ficam lá, na frente dele, por horas, levantando peso, fazendo aquela cara de “nossa como você é gostoso”. Os homens de frente, levemente arqueados para verem melhor os músculos do peito e as moças ligeiramente de lado, para apreciar melhor o derrier. E eu lá atrás, tentando me esconder daquele maldito reflexo que fica me mandando aumentar o peso no aparelho.

É por isso que eu desisti. Não vou mais a nenhuma academia. Dá muito trabalho: ficar em forma, usar roupa da moda, medir índice de gordura corpórea. Só de pensar no assunto, eu canso. Prefiro uma boa caminhada no parque, com uma paradinha estratégica no happy hour, com um chopp geladinho e uma porçãozinha bem gostosa para acompanhar.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Quem com o fato se conforma, com o fato será conformado.

Tive uma briga feia com meu marido. Daquelas de pedir separação e tudo. Não sei se vai dar em alguma coisa, mas enfim, não é este o motivo do meu post.

Depois da briga me deu um estalo: e se de repente ele mudasse e se tornasse o marido dos meus sonhos. E se eu não precisasse mais ficar implorando por ajuda. Se ele se tornasse um homem companheiro, que dividisse tudo, do orçamento às tarefas domésticas. Se ele passasse a me acompanhar nas reuniões da escola sem reclamar e até se oferecesse para ficar com as crianças quando tenho que sair.

Se tudo isto acontecesse assim, de repente, da maneira com eu sempre peço, o que será de mim?
Explico: eu sempre tenho histórias para contar sobre como eu me virei sozinha com os pequenos no show, no shopping, na rua. Orgulho-me e me destaco por dar conta de tudo sozinha. Encho a boca para dizer o quanto sou boa mãe, boa profissional e como consigo conciliar tudo isto, sem ajuda de ninguém.

Mas se de repente acontecesse o inesperado e eu passasse a ter com quem contar, do que eu iria reclamar? Como eu iria me destacar nas rodas de conversa?

O mesmo poderia ocorrer com os cidadãos brasileiros: e se de repente tivéssemos um governante perfeito, que conseguisse baixar impostos, fazer o País crescer, melhorar os serviços essenciais, zerar o nível de desemprego, enxugar as contas públicas, acabar com a miséria, enfim conseguisse melhorar definitivamente o nosso País, a ponto de ele ficar como uma Suíça (que dizem ser tão perfeito que entedia). E aí, do que reclamar?

Alias, poderia ocorrer com o mundo também: e se tudo ficasse maravilhoso, sem poluição, sem fome, sem miséria, sem ditaduras, sem perigo ao meio ambiente? O que seria dos grupos de protesto, de proteção, de acolhimento? O que seriam dos protestos bem humorados, violentos, emocionantes?

Pode até parecer um discurso conformista, mas acho que tudo ficaria um tédio. Sem problemas para serem resolvidos, sem males para serem curados, sem lamentos para serem choramingados. E eu, pobre coitada, perderia o status de mulher do ano, perderia metade do meu assunto e metade dos tópicos do meu blog (risos).

O que eu quero dizer é que não existe mundo perfeito (óbvio), mas muitas vezes reclamamos por reclamar, sem realmente querer alcançar nosso objetivo. Estamos querendo apenas chamar atenção para nós mesmos e sermos paparicados, mas no fundo, estamos conformados e até gostamos de estar ali, naquela posição. Por isso, reclamamos sem acreditar em nós mesmos, ou na capacidade de mudança dos outros.

É mais confortável ficar na zona de vítima, de injustiçado.

E aí, e se o meu marido mudar? É melhor começar a me preparar, vai que dou a sorte disto acontecer. Se bem que não serei mais o alvo das atenções.