terça-feira, agosto 18, 2015

Sabe o Mario?



Eu não sabia. E olha que sempre fui ligada em política, sempre procurei saber quem era quem na ordem do dia. Mas o Mario César, desse eu só lembrava que era vereador, que antes era servidor público concursado e que era carioca de nascimento, por causa de seu sotaque inconfundível.
Não via expressão, nem mesmo poder político em seu perfil, realmente nunca havia prestado a mínima atenção nele.

A primeira vez que olhei para o distinto com mais curiosidade foi em dezembro de 2012, quando li em um site de notícias que ele, junto com Edil, havia sido escolhido por Puccinelli para segurar Bernal, pois nas palavras do governador “eram os únicos que tinham culhões pra isto.” Pois é, naquele dia dei uma boa espiada nos culhões do moço.
Então Mario César foi eleito o presidente da Câmara de Vereadores de Campo Grande, sob as bênçãos e com direito à ilustre presença do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, mais conhecido como Pucci, Dedé, Italiano, Gov, Dr. André, entre outros apelidinhos carinhosos e nem tão carinhosos assim.
Mario logo mostrou que não era só mais um rostinho bonito e tratou de escancarar quem mandava na Câmara. Conduziu impecavelmente o um ano e dois meses de presidência até o Golpe. Na verdade não teve muito trabalho enquanto Presidente, pois na maior crise pela qual a Casa passou, agiu rápido e cancelou o farto café da manhã oferecido aos vereadores e patrocinado pelo povo.
Ah, ele também foi cassado pelo TRE por compra de votos, mas não durou muito, reverteu rapidamente e no fim acabou inocentado.
Desempenhou seu papel exatamente como no script. Sempre presente na mídia. Suas declarações meticulosamente colocadas na notícia certa e no momento exato. Fez o que foi escolhido para fazer e por fim cassou Bernal. Honrou seus elogiados culhões.
As palavras ‘definitivamente cassado’, ditas com alegria indisfarçável, ainda ecoam no plenário da Câmara. As lágrimas entre sorrisos, na posse do seu eleito, permanecem registradas pelas lentes e olhos da população.
De acordo com alguns analistas políticos, era dali para a Assembleia, quem sabe até para o Congresso. Ou, de acordo com os cassados junto com o prefeito legítimo, era dali direto para a Prefeitura, para fechar o Golpe.
Sendo assim, o próximo passo seria se garantir na presidência da Casa, porém havia um pequeno empecilho: uma lei proibindo a reeleição. Pequeno empecilho para os outros, não para ele. Tanto é que: Lei Orgânica alterada numa semana; reeleição na outra. Detalhe: com seis meses de antecedência.
Aplausos. Mais uma vez o Mario mostrou seu poder.
Ainda que a administração golpista seguisse de mal a pior, o Presidente sempre se manteve impassível, altivo, instalado confortavelmente em sua cadeira, imparcial, alheio aos gritos de socorro da população, atento às necessidades de declarações contundentes.
Passou incólume pela operação Adna. Nenhum cheque em branco lhe foi nominado. Nenhum dízimo cobrado.
Tanto foi que se assanhou a ser legitimado pelo povo como Prefeito da Capital de Mato Grosso do Sul e colocou publicamente seu nome à disposição de seu partido.
Mas não é que em tempos de tecnologias, grampos, clonagens, justamente um cafezinho o colocou na berlinda. Ironia do destino? Mario Cesar foi flagrado pela Polícia Federal, por meio de escutas autorizadas pela Justiça, negociando a cassação de Bernal (o que ele nega, claro).
Estava aí a prova definitiva do Golpe e quem sabe até mesmo o fim de sua carreira política, será?
E aquele vereador, que há cerca de uns três anos antes, para mim, era um ilustre desconhecido, hoje é um dos mais atuantes políticos campo-grandenses. Prova de que não podemos ignorar os nossos representantes, que temos que estar atentos a todos, até os mais simpáticos, pois na malemolência carioca, parece que se escondia um grande estrategista, ou seria executor?
Então, sabe o Mario? A PF disse que ele andou tomando uns cafezinhos com quem não deveria.


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