quarta-feira, setembro 01, 2010

O peso da minha cruz


Sempre fui muito sensitiva, literalmente. Conseguia sentir o que as outras pessoas sentiam: fome, sede, dor.
Bastava chegar perto de mim e dizer: ai que dor! e pronto, já estava sentindo a tal da dor. E o mais engraçado, se é que posso considerar assim, é que a pessoa parava de sentir.
E não é frescura, como muitos podem estar pensando, porque eu costumava ficar quieta e não revelar que o que estava sentindo. Já o outro, costumeiramente, dizia: nossa parou de doer.
Foram tantos anos sentindo a dor dos outros, que parei de sentir as minhas próprias. Até que um dia me cansei e resolvi parar, afinal, todos dizem que a própria cruz é sempre mais leve que a dos outros e o fardo já estava bem pesado.
Já são quatro anos carregando somente a minha cruz e, agora, a bendita começa a pesar demais. Tanto que estou a ponto de desistir.
Acho que vou voltar a exercer a minha sensitividade, se é que esta palavra existe, e sentir apenas o que os outros sentem. Quem sabe assim, a minha cruz fique mais leve e eu consiga, novamente, carrega-la. Ou perceba que meus problemas não são tão graves assim.
O que sei é que o peso da minha cruz, hoje, é incalculável, bons tempos aqueles em que ela não pesava quase nada.

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