Diariamente vou ao supermercado, de segunda a segunda. Seja para comprar leite, fruta, carne, fraldas. Quando não vou ao supermercado do bairro, vou a um grande hipermercado, que fica próximo de minha casa, cerca de quatro quadras.
No supermercado do bairro é sempre muito tranqüilo, conheço o gerente e a maioria dos funcionários pelo nome, as filas são respeitadas, as pessoas são cordiais e até entendem a cara emburrada que a filha do proprietário, vez ou outra, apresenta. Resumindo, se não fossem os preços de alguns produtos, seria uma maravilha comprar ali.
No grande hipermercado vou comprar produtos mais caros, como a fralda do bebê, produtos de limpeza, entre outros. Lá sempre acontecesse algum tipo de problema: São pessoas que não respeitam o limite máximo de produtos ou o caixa exclusivo. São preços que nunca batem com a etiqueta. Mas os problemas maiores são sempre com as filas, ah, as filas!
Outro dia eu fui protagonista de um problema destes. Estava na fila do caixa rápido, na minha frente muitas pessoas, atrás, outras tantas, quando vi minha vizinha parando na fila. Sem pensar duas vezes a chamei para ficar comigo, assim colocávamos a conversa em dia, pois apesar de vizinhas de muro, quase nunca temos tempo para conversar.
Esperamos um tempão até chegar a nossa vez, esperamos inclusive as duas moças, que estavam na nossa frente, irem buscar um produto que faltou. Como a conversa estava boa nem nos importamos com a demora.
Quando chegou nossa vez, o senhor que estava atrás, apontou o dedo para minha vizinha e grosseiramente disse: A SENHORA NÃO ESTAVA NA FILA. Aquilo me ferveu o sangue e respondi no ato: claro que estava, ela está comigo! E ele começou a gritar conosco, de uma forma extremamente grosseira.
Aquilo me enfureceu e eu disse: já que é assim, passe na minha frente, seu grosso, mal educado. Ele respondeu: passo mesmo, eu não sou besta. Aí a engraçadinha aqui disse, em tom de gozação: claro que é besta, porque se tivesse sido um pouco mais gentil e educado, eu também teria deixado o senhor passar na minha frente, só que sem chamá-lo de grosso.
Eu sei que muita gente que está lendo está pensando que a culpa é minha, porque é falta de educação deixar alguém furar a fila. Mas o fato é que ela é minha amiga e se ela tivesse chegado dois minutos antes, ou eu dois minutos depois, estaríamos juntas, de qualquer forma, na fila.
O que me irritou no caso foi a grosseria do senhor, que viu e percebeu que ela ia passar na minha frente e deixou para GRITAR com a gente quando chegamos ao caixa. Ele poderia, de imediato, e de forma mais gentil, ter dito que não iria admitir que ela passasse a sua frente. Evitaria um escândalo, como o que aconteceu, e teria tido a oportunidade de expressar a sua cidadania de forma civilizada.
Muitas vezes já deixei pessoas que tinham apenas um produto passar na frente. Outras vezes, me deixaram passar. O que pontuou estas situações foi a cordialidade entre as pessoas. Eu acredito, e tento colocar em prática, na educação e na gentileza, mesmo na hora de fazer valer os meus direitos. Já discuti com pessoas que queriam passar na minha frente, na fila. Mas a discussão deu-se de forma educada, comigo dizendo de forma gentil que não era justo furar a fila e a pessoa entendendo o recado. Ambos saímos satisfeitos do supermercado.
Acredito que o “eu não quero ser o besta da história” tem valido muito mais que o “eu quero ser o gentil e o educado da história”. As pessoas têm um grande medo de serem passadas para trás, de sentirem-se perdedores e de não conseguirem tirar vantagem das situações. E com isto deixam os bons modos e a cortesia de lado.
Como diria um amigo, é por isso que as pessoas matam umas as outras, elas sempre saem de casa armadas com a intolerância e a ignorância.
Talvez o mundo fosse outro, se não nos importássemos com a vitória e sim com o jogo, se pensássemos mais no outro, se usássemos a gentileza como ferramenta de vida, se deixássemos os gritos e as grosserias de lado e déssemos mais valor a uma boa conversa, a risadas sinceras e a um mundo mais tranqüilo.
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Um comentário:
Fila daqui a pouco vira caso de polícia e vai aparecer no Picarelli: "Consumidores se agridem no supermercado, com duas vítimas fatais: uma mulher grávida e uma criança de 4 anos, que estavam próximas."
Esse é o nosso mundo!
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